Abra os Céus!

Jesus aparece pela primeira vez no Evangelho de Marcos, quando João o batiza no Rio Jordão. O relato o identifica com sua cidade natal, Nazaré, uma vila sem importância, embora sua insignificância desempenhe um papel na história. Ele é o “Servo do Senhor” ungido pelo Espírito que não se conforma com as expectativas populares.

João batizava suplicantes no Rio, inclusive o homem de Nazaré. O relato em Marcos enfatiza os fenômenos sonoros e visuais que acompanharam o batismo de Jesus, a “abertura” dos céus, a voz divina e a descida do Espírito “como uma pomba”:

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  • (Marcos 1: 9-11) - “E aconteceu naqueles dias que Jesus veio de Nazaré da Galiléia e foi batizado no Jordão por João. E imediatamente, quando ele estava saindo da água, viu os céus sendo despedaçados e o Espírito descendo como uma pomba para ele. E uma voz saiu dos céus: tu és meu filho, o amado. Em ti, me deleito.”

O verbo grego traduzido “abrir” é ‘schizō’, que significa “dividir, rasgar; rasgar em pedaços.” Ele fornece uma imagem gráfica. O mesmo termo ocorre mais uma vez em Marcos, quando o véu do templo foi “rasgado em dois” quando Jesus morreu. Essa conexão verbal é deliberada. Assim como a abertura dos céus acima do Rio Jordão revelou o Messias, também o “rasgo do véu do Templo” precedeu o momento da revelação, quando o centurião romano identificou Jesus como o “filho de Deus” - (Marcos 15:36-39).

O “rasgar dos céus” apontou para o significado cósmico de sua chegada ao longo das margens do Rio Jordão. A partir de então, o Reino de Deus estaria aberto a todos os homens que se arrependessem e abraçassem a mensagem de Jesus e, da mesma forma, a presença de Deus tornou-se Acessível a todos.

A presença divina não estaria mais confinada ao Templo de Jerusalém ou restrita apenas a uma nação. A partir daquele momento – “naqueles dias” - o Criador de todas as coisas só podia ser visto e compreendido no homem da pequena aldeia de Nazaré.

A descrição ecoa uma passagem do Livro de Isaías dirigida originalmente ao Deus de Israel: “Oh, que RASGASSES os céus, que descesses para que os montes tremessem diante da tua presença... que as nações tremessem diante da tua presença” – (Isaías 64:1).

A súplica de Isaías foi cumprida quando Deus “rasgou os céus” e ungiu seu filho com o Espírito para cumprir sua missão, mas não foram os montes da Judéia que tremeram, mas o coração dos homens ao vê-lo e ouvir suas palavras.

A preposição aplicada à descida do Espírito acentua o movimento “para dentro” ou “sobre” algo ou alguém (‘eis’), no caso, Jesus. Talvez o Espírito tenha entrado nele neste ponto, embora o verbo e a preposição mais provavelmente retratem o Espírito vindo descansar sobre ele. Nesse momento, foi ungido para seu ministério messiânico e recebeu o “Espírito sem medida.”

A VOZ


Jesus ouviu a voz chamando-o de “Filho Amado.” A mesma voz é ouvida apenas mais uma vez no Evangelho de Marcos, quando fez uma declaração semelhante na Transfiguração de Jesus. Na presente passagem, a voz combina palavras de duas passagens do Antigo Testamento para identificar Jesus como o Filho de Deus que veio cumprir as promessas:

  • (Salmo 2: 7) - “Certamente falarei do decreto de Yahweh: ele me disse: Tu és meu filho, hoje te gerei.”
  • (Isaías 42: 1) - “Eis aqui o meu servo, a quem sustento; o meu escolhido, em quem a minha alma se deleita. Sobre ele pus o meu Espírito; Ele trará justiça às nações.”

Ambas as profecias eram messiânicas. Ao combiná-los, marcos esclareceu a identidade e a missão de Jesus. Ele era o “Filho” de Deus e o Servo Sofredor descrito por Isaías. Sofrimento injusto caracterizaria seu ministério e sua vida como filho.

A descida do Espírito significava que ele estava equipado para proclamar o Reino de Deus. A voz celestial confirmou a aprovação divina de sua missão e pessoa, não apenas por quem ele era, mas também por sua submissão ao batismo de João em obediência a seu pai e às Escrituras.

O ministério de Jesus começou em cumprimento às Escrituras quando os “céus se abriram” e o Espírito desceu sobre ele. Quer seus contemporâneos entendessem sua missão ou não, ele era o tão esperado Messias de Israel enviado para salvar seu povo de seus pecados, estabelecer o Reino de Deus e “pastorear as nações.”

Acima de tudo, desempenharia seu papel messiânico de Servo Sofredor do Senhor, algo que nenhum de seus contemporâneos esperava, e uma realidade que desafiaria todas as expectativas e desejos populares.



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